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Exploração de Recursos Naturais

Pedreiras da Sr.ª da Graça

O nosso país é particularmente rico em recursos naturais para a indústria extrativa, cujo subsector mais representativo é o dos minerais não metálicos, com importância económica bastante relevante dado o alto valor de exportação. Os principais grupos de substâncias exploradas são os mármores, granitos, calcários, areias, argila, basalto, calcite, caulino, dolerito, gesso, saibro e seixo.
É evidente que se tratam de explorações diretamente ligadas ao aproveitamento de um recurso natural que é escasso e cuja atividade causa impactes ambientais. No entanto, os efeitos negativos permanecem em grande parte circunscritos ao local da extração e não têm efeitos globais, embora seja vulgar ao nível do senso comum, é porventura injusto dizer-se que a atividade da indústria extrativa não obedece a qualquer código ou disciplina.
O que acontece é que o processo de licenciamento é pesado por via das exigências técnicas e moroso, por vezes, devido ao torpor da máquina administrativa. Esta situação deu azo a que alguns operadores, aproveitando alguns vazios legais, ou saturados com a tramitação do processo, tivessem arriscado a exploração de massas minerais na ilegalidade, beneficiando ao longo dos anos de alguma inércia fiscalizadora.
No entanto, ao longo dos últimos anos têm sido feitos esforços no sentido de legalizar esta atividade tão importante para a ação socioeconómica do concelho de Mondim. Em fevereiro de 2005 foi realizado um inquérito aos empresários e funcionários do setor, que permitiu concluir que a exploração de granito se trata de uma das principais fontes de rendimento do concelho, isto é, cerca de 596 residentes e de 167 não residentes dependem desta atividade. O inquérito foi aplicado a 178 trabalhadores que residem em Mondim e a 47 que residem noutras localidades.

pedreiraAs pedreiras de Mondim de Basto exploram um granito vulgarmente designado por granito amarelo, devido à sua cor e é essencialmente utilizado na construção civil, nomeadamente: muros, brita, casas, igrejas, alvenaria, paralelos, microcubos e guias de passeios. Trata-se de um granito de 2 micas, de grão médio com esparsos megacristais. O granito explorado à superfície encontra-se já parcialmente alterado, devido às condições de pressão e temperatura a que foi sendo sujeito ao longo de vários anos. Em profundidade, o granito é mais "são", pois ainda não sofreu as alterações estruturais na sua composição. A sua cor é acinzentada e assemelha-se ao denominado "Granito de Vila Pouca".
Atualmente, existem 35 explorações de granito em funcionamento, sendo que cerca de 20 se localizam no Monte de Nossa Senhora da Graça.

Aspectos Etnográficos

Riquíssimo património oral versando a Senhora da Graça e o Monte ( lendas, quadras, contos, cantigas, orações e provérbios); a romaria de Santiago (já referida em 1500) foi sempre a maior explosão espontânea de folclore da região (Tunas, tocatas, ranchadas, estúrdias e cantadores ao desafio, subindo o monte toda a noite.)

Os romeiros de Santiago

(Visite o website: romeiros.mondimdebasto.pt)
romeiros1

Diante das particularidades mais carismáticas da etnografia, iremos abordar a figura dos romeiros de Santiago, figura emblemática do nosso imaginário tradicional que, movidos pela fé, partiam de longe, de muito longe, para cumprir uma magnífica jornada de agradecimento, de súplica e louvor, à Senhora que, lá no alto, atendia as suas súplicas e orações, aos seus desejos e às suas aspirações. Vinham geralmente em bandos e em rusgas organizadas, animados pelas tocatas e pelo bucólico canto das mulheres de Basto, canto de marcar o ritmo das vindimas, das pisas no lagar, das malhadas do centeio, das arrancadas e das barrelas do linho, das desfolhadas nas eiras.

Nossa Senhora da Graça,
Que dais aos vossos romeiros
Que dais aos vossos romeiros
Graça e água das fontes
E fruto dos medronheiros
E fruto dos medronheiros


Chegavam de noite. Vinham descalços, com as mantas pelas costas, com as botas cardadas e romeiros2com os filhos "depindurados" nos ombros, muitos deles amortalhados, em sinal de agradecimento por qualquer cura milagrosa, com grandes cirios nas mãos, a cabacinha presa na correia de cabedal. Elas traziam gigas e cestas de vime à cabeça com o apetitoso merendeiro para os dias da romaria.
Paravam em Mondim para descansarem e para matarem a sede, para fazerem a festa cantando, dançando e dormindo ao relento à porta da Capela do Senhor, à porta das tavernas, no Largo do Prazo ou em qualquer cantinho acolhedor.

Se fores ao Santiago
Ao Santiago
Se fores não vás sozinha
Não vás sozinha
Não vás sozinha

Santiago não tem água
Ó Santiago
Tem vinho na cabacinha
Na cabacinha na cabacinha

Trailarai lai lai lai


De madrugada partiam para o Monte com uma cantiga na boca e a Senhora no coração no cumprimento de rituais ancestrais mantidos por tradição: pôr a mão nas "pegadinhas da burrinha de Nossa Senhora", insculturas rupestres gravadas nas rochas daquele monte, lavar a cara e beber na Fonte da Costa onde rezam as lendas que se erguia a capelinha de São Veríssimo. Bater com a cabeça na "Pedra Alta", menhir e pedra de culto caiada de branco onde ainda hoje se acendem fogos votivos à noite, rezar, e deixar um tostãozinho nas três capelinhas "dos Passos", parar e olhar com respeito e com admiração para o alto dos Palhaços onde habitavam os "mouros", onde se deram batalhas memoráveis, onde aparecem princesas encantadas e onde se escondem tesouros fabulosos em secretas minas que vão desaguar nas margens do rio, apertar as botas ou os socos na "Pedra de calçar", entrar no terreiro de chapéu na mão, beijar a fita da Senhora, cumprir todas as promessas feitas durante o ano, de pé, de rastos ou de joelhos, dar voltas ao santuário deitado num caixão transportado pelos parentes com a banda a acompanhar ou com tocatas organizadas incorporadas no cortejo.

peregrinos

Abriam-se depois os merendeiros e bebia-se daquela luz original. No regresso traziam como emblema e recordação um ramo de medronheiro e os medronhos enfeitando as orelhas, a estampa da Senhora na lapela ou na fita do chapéu, para serem identificados, como romeiros da Senhora. Por rotas e caminhos de antiguidade regressavam ao lar, cantando, dançando e fazendo a festa pelas localidades atravessadas.

 

medronheiro

Medronheiro da Senhora
Sempre com fruto e flor!
Sempre com fruto e flor!
Que bela recordação
Pra levar ao meu amor
Pra levar ao meu amor

Medronheiro d'além d'água
Mal haja quem te cortou
Mal haja quem te cortou
Davas fruto, davas sombra
E ninguém te granjeou
E ninguém te granjeou

A antiquíssima romaria de Santiago funcionou sempre como recetor e emissor de folclore. Recebia as modinhas de várias proveniências e difundia essas mesmas modinhas para todas as direções. Dizem os mais antigos que, parte das cantigas que ainda hoje se cantam por aí, foram trazidas pelos romeiros de Santiago.

andor

Nossa Senhora da Graça
Tem um galo no andor
Tem um galo no andor
Que canta à meia-noite
Louvado seja o Senhor
Louvado seja o Senhor

Nossa Senhora da Graça
Que dais a quem vos vai ver
Que dais a quem vos vai ver
Aos solteiros alegria
Aos casados bom viver
Aos casados bom viver

Nossa Senhora da Graça
Lá no alto de Mondim
Lá no alto de Mondim
Todo o mundo fala, fala
Ninguém olha para sim
Ninguém olha para sim

No ventre da Virgem Mãe
Encarnou divina graça
Encarnou divina graça
Entrou e saiu por ela
Como o sol pela vidraça
Como o sol pela vidraça

Muitos outros aspetos estão intimamente ligados à devoção da Senhora do alto do monte, que sempre fez parte integrante da vida de todos quantos moravam na Região. O pagamento de promessas continua a ser a grande motivação que sensibiliza milhares de devotos anualmente. A vida dos mondinenses, a vida de todos os que nasceram a seus pés, nunca girou sem o apoio e a proteção da Virgem Mãe.

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Desde tempos muito antigos que se instalou o costume de quem partia para grandes distâncias, como por exemplo no tempo da emigração para o Brasil, subir à Senhora da Graça para se entregar à sua protecção e prometer, se regressasse são e salvo, que à Senhora voltaria a subir para pagar a graça recebida. A estampa da Senhora viajava, colada no interior dos baús, como referência, para matar saudades e para proteger quem partia. Por aqui passaram os que emigraram para Europa, os soldados mobilizados para a guerra do Ultramar, os estudantes universitários ou as mocinhas de servir que iam trabalhar para as grandes cidades.

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Nossa Senhora da Graça
Eu pró ano lá hei-de ir
Eu pró ano lá hei-de ir

Ou casada ou solteira
Ou mocinha de servir
Ou mocinha de servir


Há lendas que nos falam dos milagres operados por Nossa Senhora da Graça aos marinheiros. O culto da Senhora está, desde há séculos, radicado junto da classe piscatória portuguesa.
Os marinheiros da zona de Vila Nova de Gaia e da Afurada, locais onde se diz que se consegue ver o alto do monte, continuam a trazer, anualmente, pequenas réplicas dos seus barcos, o pão e o vinho para servirem o altar.

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Os novos tempos

A estrada que hoje dá acesso ao alto do monte ficou concluída em 1944 e foi alcatroada na década de 50. Os primeiros 1200 metros levaram três anos a romper e só passados 7 anos é que terminou. Até aí toda a gente ia e vinha a pé pelos caminhos, inclusivé as bandas que iam actuar nas romarias. Tudo era transportado à mão ou carregado em carros de bois.
Com a estrada pronta muito do tradicional se foi alterando. O acesso ao Alto do Monte passou a fazer-se através das motorizadas, dos automóveis e dos autocarros das empresas de camionagem, o que permitia à maioria dos romeiros virem no próprio dia não pernoitando por cá. Tal facto foi crucial para a alteração das tradições e prejudicou grandemente o Santiago em Mondim. A antiquíssima romaria de características ímpares, foi perdendo a tradição e ganhando costumes de modernidade.
noite_romeirosDepois de passados tantos anos, o povo parece querer voltar aos velhos tempos e trepar a pé até ao alto de Nossa Senhora da Graça. Já se vêem romeiros a chegar ao fim do dia, já se combinam horas da subida, merendas e encontros a realizar.

A Câmara Municipal instituiu a noite de 24 de julho como a noite dos Romeiros de Santiago, na tentativa de recuperar a ancestral Romaria. Atualmente, esta trata-se da noite mais emblemática do cartaz das Festas do Concelho de Mondim de Basto.



Lendas da Nossa Senhora da Graça

Lenda da Moura encantada
De facto este é um monte que está rodeado de muitas lendas e de muitos mistérios. Diz uma delas que, numa enevoada manhã de S. João, um pequeno pastor que guardava o gado lá para as bandas dos Palhaços, viu uma enorme e estranha luz que quase o cegava completamente. Primeiro tentou fugir, mas como se a curiosidade fosse maior do que o medo, teve que olhar mais uma vez. Viu então uma linda e rica moura rodeada de tesouros, que o chamava irresistivelmente. - Vem cá! Leva todo o ouro que quiseres, mas não contes a ninguém e sobretudo não olhes para trás! O pequeno pastor assim o fez. Encheu o bornal e a coirada de ouro e partiu correndo pelo monte abaixo. Só que, a meio da descida, qualquer coisa mais forte do que ele o obrigou a olhar para trás e ver uma vez mais aquela luz maravilhosa. Depois de chegar a casa e ter contado o acontecido, abriu o bornal para mostrar o ouro aos familiares, mas o encanto tinha desaparecido: o ouro tinha-se transformado em escórias (rojões de ferro) e ainda hoje se encontram espalhadas pelo monte em grande quantidade, que o pequeno pastor deixou cair na sua corrida desenfreada para casa.


Lenda da Cinínia

Conta uma das lendas ligadas ao Monte que, durante a ocupação da Península Ibérica, no século II antes de Cristo, as legiões romanas comandadas pelo Cônsul Décio Juno Bruto chegaram, durante o Verão, até junto da cidade “Cinínia”, ou “Canínia” da tribo dos Tamecanos, famosa pela produção de ferro com que fabricavam as suas armas. Receando, talvez, a sua resistência, Décio Juno Bruto mandou emissários dizendo que se a cidade entregasse o seu ouro, não seria invadida pelas legiões. Os Tamecanos, do alto do Monte Farinha, onde se situava a famosa cidade responderam: - Os nossos avós não nos deixaram ouro para comprar a avidez de um general romano, mas deixaram-nos ferro com que nos defendêssemos dele. A cidade foi arrasada, mas a resposta ficou na história e na lenda. Esta lenda leva a crer que a primeira construção do Santuário tenha sido feita com as pedras das ruínas da cidade do Monte dos Palhaços. A Cinínia ou Canínia seria hoje a Caínha, lugar que pertence à freguesia de Mondim e que fica aos pés do Monte da Senhora da Graça.

 

Lenda dos pescadores

lenda_pescadoresDiz a lenda que, alguns pescadores que andavam perdidos no mar, teriam avistado no meio do temporal uma capelinha caiada no cocuruto dum monte distante e rezaram pela protecção daquela Senhora. Durante a noite, Nossa Senhora abandonou o seu altar, deixando o ermitão muito preocupado e foi salvar os pescadores. O zeloso guarda da montanha chegou mesmo a pensar que a teriam roubado. Ao outro dia quando voltou à capela, a imagem estava de novo no seu lugar, cheirando a sal e a mar e com o manto repleto de camarinhas. Mais tarde, os marinheiros vieram para agradecer o milagre e para presentearem Nossa Senhora com um barco de madeira, uma redoma de vidro e o ouro de um cordão. Ainda hoje, por devoção, muitos pescadores da nossa costa trazem ofertas a Nossa Senhora da Graça. Ainda hoje se canta:
Nossa Senhora da Graça
Tem uma redoma de vidro bis
Que lhe deu um marinheiro
Que se viu no mar perdido bis


Lenda da Pedra Alta
Diz a lenda que esta pedra se abriu para esconder Nossa Senhora quando era perseguida pelos romanos que queriam matar o Menino Jesus. De acordo com a tradição, quem visita a Senhora da Graça pela primeira vez e vai à Pedra Alta, será enganado pelos amigos que lhe pedem que lá encoste a cabeça para poder ouvir o mar. Depois, com uma pequena pancada obrigam-no a dar uma turra no granito e mesmo que não consiga ouvir o mar ficará a ver as estrelinhas certamente!


Lenda da serpente
Diz a lenda que quando a serpente se enroscar, três vezes, no monte de Nossa Senhora da Graça, o fim do mundo estará para chegar.


Lenda do raio de sol
Numa das vertentes do monte, na zona circundante do menhir da Pedra Alta morou um estranho personagem, conhecido como “O homem das Corujeiras”, a quem eram atribuídos misteriosos poderes. O nosso homem costumava deslocar-se à milenar Igreja de Atei para assistir à Missa dominical. Chegava, despia o capote e atirava com ele para um raio de luz que entrava por uma das frestas do granito. O capote ficava, milagrosamente, suspenso naquele raio de luz esplendoroso.


Lenda do ermitão
Diz a lenda que um ermitão de Nossa Senhora, com aura de santidade, foi assassinado, à traição, junto do menir da Pedra Alta. Está sepultado junto aos degraus da escadaria do santuário e ainda hoje se acendem velas, em sua memória, no local onde foi assassinado.

Nossa Senhora da Graça
Qu’é do vosso ermitão?
No lugar da Pedra Alta,
Lhe fizeram a traição.


Lenda da mina dos mouros
Diz a lenda que na vertente dos Palhaços virada para Vilar de Ferreiros existe a entrada de uma mina que corre oito quilómetros para sair, nas margens do Rio Tâmega, na Ribeira de Pedra Vedra, em frente ao calhau do “Furato”. Segundo a mesma lenda seria por lá que os mouros levariam os cavalos a beber ao rio. A referida mina estará repleta de tesouros, mas para conseguir lá entrar é necessário ler o Livro de São Cipriano ao contrário e picar a cauda da serpente que vela na entrada, com um alfinete de ouro. A serpente transformar-se-á, então, numa princesa encantada que vos dará todos os tesouros e, principalmente, um espectacular bezerro de ouro escondido no interior daquela famosa mina.

Aspectos arqueológicos

Todo o Monte Farinha é um verdadeiro santuário de vestígios arqueológicos.
Estão referenciados os Castros: do Castroeiro, do Pré-murado, da Plaina dos Mouros, dos Palhaços, e dos Palhacinhos; o antiquíssimo caminho em calçada medieval subindo desde o lugar de Campos até ao alto; insculturas rupestres de Campos, Rexeiras e Campelo.
Ilídio Araújo publicou um estudo localizando no alto dos Palhaços a famosa cidade do ferro "Cininia ou Caninia", que ousou fazer frente às legiões romanas de Decio Juno Bruto, quando da conquista da Península Ibérica no século II AC.
Contudo, Mondim Basto nunca foi conhecido arqueologicamente, nem nunca despertou interesse a esse nível, excetuando a incursão de Henrique Botelho que nos finais do séc. XIX, dá conta de dois arqueossítios do concelho ainda hoje por cartografar.

Castro do Crastoeiro na Senhora da Graça

Nesta circunstância, o Castroeiro apenas seria identificado no Verão de 1983, no decorrer dos trabalhos de prospeção de campo realizados no âmbito do Levantamento Arqueológico do concelho, pelo arqueólogo Dr. António Dinis.


Localização
O povoado do Castroeiro situa-se numa pequena elevação e localiza-se no lugar de Campos, na freguesia de Mondim de Basto, muito próximo do limite com a freguesia de Vilar de Ferreiros, no sopé do Monte Farinha.

Acesso
castroQuem pretende subir a Sr.ª da Graça a pé pelo velho caminho dos romeiros, tem ao seu dispor o folheto do percurso pedestre onde está incluída a visita ao Crastoeiro.
Quem pretende subir a Sr.ª da Graça, pela estrada, deve virar à direita na sede do Clube de Parapente. Vai passar por algumas empresas de exploração de granito e logo em baixo aparece a sinalização do Castro.

De salientar o trabalho do arqueólogo A. Pereira Dinis em todo o estudo ligado ao património arqueológico do concelho que assume hoje uma especial importância cultural e um atrativo turístico do concelho. A Câmara Municipal editou em 2005 uma brochura de título "Crastoeiro- Mondim de Basto", que está, desde essa altura, disponível no Posto de Turismo, cujos textos e imagens são do próprio Dr. Dinis.

A brochura
Identificado no âmbito da elaboração da carta arqueológica do concelho, o Crastoeiro foi alvo de escavações entre 1985-1987 (1ª fase) e 1997-1999 (2ª fase). Os trabalhos revelaram diversas estruturas, por vezes sobrepostas, distribuídas por quatro setores distintos que totalizam uma área de 400 m 2.

fossaA ocupação mais antiga situa-se na Idade do Ferro inicial, apontando-se os meados de séc. IV AC, como data provável. Nesta altura, os habitantes do Crastoeiro construíram cabanas, com materiais perecíveis, de planta circular, e cavaram fossas no saibro para conservarem as bolotas recoletadas e os cereais que cultivavam nos socalcos voltados à ribeira de Campos. A produção cerâmica, exclusivamente manual e de uma forma geral lisa, inclui potes e púcaros ou potinhos.
O registo arqueológico mostra que, durante este período, foram desenvolvidas práticas da metalurgia do ferro, atividade que terá contribuído para o acelerado processo de desflorestação do habitat.

gravuras

A descoberta de gravuras rupestres no Crastoeiro mostra que o sítio terá assumido o papel de santuário desenvolvendo-se aí atividades de foro ritual e simbólico.

Por volta do séc. II AC, o povoado transforma-se com a construção de uma imponente muralha, em pedra, demonstrativa de um incremento económico e capacidade organizativa. Embora persista a construção de cabanas, agora revestidas com argamassa de terra e acabamento pintado, começam-se a edificar casas em pedra, de planta circular ou retangular com os cantos arredondados, por vezes com vestíbulos, conservando-se, porém, os pavimentos de argila e as coberturas em materiais vegetais. Mantendo-se a atividade recolectora e as práticas agrícolas, destaca-se também a pastorícia, talvez de gado lanígero, tal como é indiciado pelo espólio relacionado coma fiação. A cerâmica conhece inovações técnicas, pela utilização da roda, e aumenta o número de formas e a percentagem de recipientes decorados. Continua-se a documentar a produção metalúrgica do ferro e talvez se tenha trabalhado o bronze, fazendo-se uso dos recursos minerais locais.

O abandono do Crastoeiro terá ocorrido nos finais de séc. I, quando se processava a romanização do território. Necasa_pedrasta altura as habitações, em pedra, evoluem para plantas tendencialmente retangulares, mas mantêm o conservadorismo das suas coberturas. O espaço envolvente releva a floresta mais rarefeita devido ao desenvolvimento das atividades recolectoras e produtivas. Como nota mais importante salienta-se a maior integração do Crastoeiro na esfera de intercâmbios suprarregionais tal como é sugerido pelo aparecimento de cerâmicas, moedas e contas de vidro de filiação romana. (Dinis, António Pereira, arqueólogo).

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História

Crastoeiro1 Crastoeiro2 Crastoeiro3

O Monte Farinha é uma autêntica revelação de dados históricos e arqueológicos que nos remetem para a sua importância estratégica e religiosa desde os tempos mais recuados.
Embora o primeiro documento escrito que a ele se refira, com o nome atual, estar datado de 1115, sabemos que a ocupação humana nas suas vertentes remonta a milhares de anos antes de Cristo.
Vários castros e sítios fortificados estão aqui referenciados, tendo o Castro do Castroeiro sido objeto de estudo e de escavações ao longo dos últimos anos, escavações dirigidas pelo arqueólogo Dr. António Dinis e que nos vêm surpreendendo com importantes descobertas relacionadas com a Idade do Ferro.
A estação de Campelo é um precioso santuário de gravuras e insculturas rupestres que se tem afirmado como importante referência da denominada arte atlântica peninsular.
pedra_alta A “Pedra Alta”, classificada como menhir por muitos especialistas, pressupõe cultos antiquíssimos relacionados com os celtas. O Investigador Ilídio de Araújo defende que os vestígios arqueológicos dos Palhaços correspondem à localização da famosa cidade de “Canínia”, ou Cinínia” que ganhou notoriedade por ter feito frente aos poderosos exércitos do Cônsul Romano Décio Juno Bruto, feito esse relatado por Valério Máximo no seu “Compendio de Ditos e Feitos Memoráveis”. O mesmo autor relaciona os “pharos” ou “pharusos”, povos das tribos semitas e fenícias, adoradores da rainha “Phary” ou “Pharina”, dos egípcios, como os habitantes que viriam a batizar este ancestral monte de culto.
Outros especialistas defendem que aqui se localizaria o petouto de “Volóbriga”, da tribo celta dos Nemetanos.
Na identificação das paróquias suévicas há investigadores que relacionam a igreja de Palatiaca ou Palantusico com a situação geográfica do Monte Farinha.
A Romaria de São Tiago já referenciada por volta de 1500 estará, provavelmente, relacionada com os caminhos dos peregrinos que demandavam Compostela.